Meu dom seria escrever.
As palavras esquecidas que já foram.
Pouco restou do tempo que formou nossa morada.
Ouço no estímulo do vento a nossa história
Que já foi.
Mas o vento vem e sacode
O que já foi.
As palavras esquecidas inscritas
E não escritas.
Nada a dizer, pelo tempo que voa
Mas de onde... aonde?
... o vento bate na fronte.
1. Não sou poeta, não vim ao mundo para dizer e dançar com as palavras. Estou só nos acordes nupciais, sem voz para alcançar o êxtase do casamento. Mas ouça-me no seu desdém, para calar este sufoco.
2. Sou homem de negócios. Falar não consigo. Pois a luta é diária e as coisas eu persigo. Vale a rima pela entrada, prometo emendar na saída.
3. Nosso projeto seria escrever... escrever para os outros, mas sem os outros. Escrever sem pensar e calcular. Trabalhar a rima sem rima, tola e desnecessária. Escrever para que? Para quem? Não precisamos da escrita...
4. Palavras ao acaso, ao léu, para além do eu que transborda. Palavras traiçoeiras que aprisionam, ocupam o espaço da identidade. Escrever para ser quimera.
5. Sentada na escrivaninha, entre papéis manchados, encontro uma voz solitária. O que? Que voz? Não ouço nada...
Se escrever é avançar na matéria perecível, como um rio que flui em direção ao futuro, onde está a minha voz do passado? Ruína ou palimpsesto?
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ah... que lindo...
gosto muito de vir aqui pra respirar.
bj
denise
Antes das civilizações, quando os humanos eram hordas nuas na natureza e não havia sequer o “pensamento mágico” ainda, o que pulava de um neurônio ao outro era o pensamento abstrato, fluindo rápido, básico, desorganizado e infantil. Com o tempo, a autoconsciência nos deu algum sentido, a linguagem nos organizou, mas foi a escrita quem nos deu beleza.
Tábua de argila, papiro, pergaminho, papel, ipad. O registro em mídia, é apenas um jeito de desacelerar um pouco o pensamento pra que a gente possa vê-lo.
Adorei o post!Suas publicações são verdadeiras aulas!Parabéns!
Bjo
wwwsinparangon.blogspot.com
Escrever é dar voz às diferentes vozes que ecoam dentro de nós... tanto as que já ecoaram, quanto as que ainda ecoam.
Boa semana!
Nossa! Fiquei sem palavras para comentar este post. Que intenso! Amei! :)
Beijos, Carolina. Ler-te é um privilégio!
Almejo palimpsesto, jamais ruínas; no entanto se tiver que me redecorar, ou me redefinir entremeado de uma pedra filosofal que seja para aprimorar o que se tornara pretérito. Amei seu blog e vou segui-lo.
Escrever é um dom, parabéns
Abraço
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