Este blog nasceu em 30 desetembro de 2010. Cheguei tarde, quando muitos autores e aspirantes à escrita
já se expressavam de longa data por meio desta ferramenta tão contemporânea.
Levei tempo para aderir. Cheguei sem ideia do que poderia acontecer, mais
pessimista do que esperançosa. “Há tanto para
ler na internet, por que alguém se interessaria por esta confissão aberta e
pela proposta de mover a roda com minhas próprias mãos?”Nunca acreditei que
teria leitores, que sairia do anonimato ou encontraria um editor mágico para me
salvar do limbo dos ignorados.
A proposta do
blog, no entanto, era talvez mais ambiciosa: servir de veículo para a minha
transformação. Tornar-se meu estilo de vida. Respeitar “o grito que jamais
cessa”. E, por meio dos textos aqui postados, passar a acreditar que sou uma
escritora.
De fato,
consegui manter um certo ritmo de postagens. Entre textos novos, fui postando
os retalhos, aqueles que guardamos em caixas e baús, tão ínfimos e
insignificantes para o outro, mas com uma longa epopeia por detrás, realmente
fabulosa somente para quem viveu a experiência. Como consequência, surgiu a
coluna de Escrita Criativa no site literário Benfazeja; surgiu o convite (vindo
de Tarcísio Pereira) para a oficina de escrita criativa na Semana José Lins do Rego em João Pessoa; o curso de formação deescritores na Escola Waldorf em Ribeirão Preto; a participação na Feira doLivro de Ribeirão (em 2011) e no programa televisivo Sala D Visitas (Canal
Band).
Eu já não
poderia mais falar em anonimato, apesar de que esse conflito entre se tornar
reconhecido e ser pessoa comum seja uma de minhas preocupações (com planos de
virar livro). Havia sim, um editor mágico, com a boa intenção de me tirar do
limbo. Por mais que a internet nos deixe claro que somos somente um a mais na
multidão, o movimento de se colocar no rio, de nadar entre os peixes, molhando
dedos e cabelos, é participar da existência, é o vir-a-ser que todos buscamos.
Num desses momentos de mergulho, encontrei a Editora Patuá., que vem fazendo um trabalho histórico com a edição de novos autores. O “blog que nasceu
de um grito” tornou-se o primeiro livro publicado por uma editora. O livro está
pronto no site da editora e o lançamento marcado para acontecer em maio. Quem
não puder aparecer em Ribeirão Preto para falar diretamente comigo pode comprar
o livro pelo site da Patuá e receberá meu autógrafo.
Compartilho
agora, em primeira mão, a maravilhosa orelha que o romancista, dramaturgo e
ganhador da Bolsa de Criação Literária Funarte (2009) escreveu especialmente
para Retalhos e Epopeias:
Carolina
Bernardes tem uma literatura muito pessoal. Possui uma identidade com
impressões digitais a cada frase, cada imagem, num texto límpido e fulgurante
que reúne, a um só tempo, objetividade e complexidade interior. Temos, aqui, a marca
de uma escritora que conseguiu definir e impor um estilo. A sua prosa é o
resultado de uma transcendência de gênero, é a predileção de quem buscou ir
além de um mero padrão convencional de poesia. Ela traz a poesia, ela é a poeta
cuja inquietação ocasiona desdobramentos de formas, porque precisa da prosa
para narrar e fazer histórias, mas fazer histórias como quem compõe longos
poemas.
Esta
obra poderia ser, portanto, um livro de poesias, mas não é. Lendo-a, primeiro
mergulhamos na dimensão mais profunda do seu poço poético, mas depois
retornamos à superfície da prosa para navegar em águas que narram, e que nos
levam a desfechos surpreendentes de fábulas humanas. Carolina consegue nos
envolver em metáforas sem expulsar-nos da fábula. E fábulas sensoriais,
aparentemente banais, de fatos ou situações comuns para cada ser que pensa,
sente, questiona e vivencia diariamente experiências análogas. Essa prosa é uma
voz subjetiva da autora e, ao mesmo tempo, um clamor vivo, portanto
identificável a partir do momento em que nos familiarizamos com seus textos.
Convém
observar, porém, que essa familiaridade, ou empatia, não se revela na primeira
linha, nem ainda no primeiro parágrafo, talvez nem mesmo no primeiro texto.
Quem nunca leu Carolina, é preciso ter a paciência de compreendê-la a partir do
segundo ou terceiro texto. Ela faz parte de um time de autores cujas narrativas
precisam de um tempo, não tão longo, para serem totalmente absorvidas. A partir do instante em que o conseguimos,
fica difícil largar o seu texto. E passamos a querer uma nova história quando
chegamos ao fim.
Tarcísio
Pereira
Romancista
e dramaturgo
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É certo que há muitas páginas na net, mas nem toda possui elegância e o bom uso das palavras e ideias.
Sei que é um veículo que tem propiciado a muitos. Exemplo disso é Spor, com seu livro A batalha do Apocalipse.
De qualquer forma, parabéns pelo livro. Saiba que sua coluna na Benfazeja tem grande valor para os se aventuram neste mundo complexo, o dos livros.
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